Começou por ser o Paris-Dakar, por fim já se estava a tornar um hábito o Lisboa-Dakar. O rallye mais exigente do Mundo foi um desejo de aventureiros franceses que tinha como pano de fundo uma série de valores históricos, culturais e económicos francófonos. Não foi à toa que saía sempre de Paris e que tinha sempre como destino Dakar, capital de um país africano colonizado pelo franceses. Todos os apoios reunidos ao longo dos anos, foram no sentido de apoiar esse grande projecto francófono, "a maior prova automobilistica do Mundo" era um orgulho para uma Nação que há muito já se tinha deixado desses protagonismos de querer ser a maior do Mundo, fosse no k fosse. Mas França tinha ainda uma indústria automóvel próspera, acessível, pioneira e líder em alguns países do globo. Este grande rallye interessava às marcas francesas, como às alemãs (e aqui entrava o poderoso eixo franco-alemão, líder europeu), e enquanto os entusiastas do desporto automóvel, alheios a todo o jogo político é económico de bastidores garantia o sucesso da prova, os seus organizadores regozijavam-se com a aposta ganha na mesma.
Mas entretanto, as gerações vão envelhecendo, e os mais novos por alguma razão desentenderam-se, deixando de existir as condições necessárias para a prova sair de Paris. Os espanhóis, sempre oportunos, aproveitaram a deixa e "arrebanharam" a prova, fazendo-a sair de Barcelona.
Mas entretanto, havia ainda outro povo, os portugueses, sempre os maiores admiradores dos espanhóis, pensaram: se os os "nuestros hermanos" conseguem trazer o Dakar para Barcelona, então nós também o podemos trazer para Portugal.
E surgiu um relevante nome conotado à Direita mais liberal (a esquerda da direita), João Lagos, que tinha vindo a patrocinar grandes eventos desportivos, mais elitistas, em Portugal. Portugal rejubilou com este grande evento caído do céu aos trambolhões, nem parecia verdade... de repente, ano após ano, já se estava a tornar uma tradição a maior prova automobilistica de endurance do Mundo sair da Praça do Império Portuguesa!... a relembrar os "grandes" tempos em k Portugal se impunha no Mundo.
Entretanto, surge uma nova ameaça mundial, a Al-Qaeda, que vem combater o seu "inimigo colonialista mundial, os EUA", bem como os seus aliados, incluindo a Europa. Começando pelo Afganistão, Paquistão, irão, Iraque, Arábia Saudita, Egipto, todo o Médio Oriente, alastrou-se à Costa Atlântica de África, à Argélia, a Marrocos. A maior prova automobilistica do Mundo é sem dúvida um daqueles palcos que os projectaria nas bocas do Mundo novamente, se um ataque bem planeado e executado fosse perpretado, não vá a opinião pública ocidental esquecer-se do 11 de Setembro, nunca se sabe...
Quem de certeza não estaria a gostar desta intromissão estrangeira neste projecto de raíz e cariz francófono, seriam os franceses, que até o foram tolerando, enquanto portugal era o parente pobre da Europa. Mas entretanto Portugal foi-se afirmando na cena mundial, foi fazendo alianças à margem desta, por exemplo, na cimeira das lages, ganhou a presidência da Comissão Europeia com Durão Barroso, Sócrates fez-se 1º Ministro e afirmou-se triunfalmente na cimeira de Lisboa, presidindo ao Parlamento Europeu, e o Dakar estava a sair consecutivamente da Praça do Império lusa... cada vez mais o Dakar era uma prova portuguesa... intragável para os franceses, mesmo com a "excelente" relação entre Sócrates e Sarcozy... por causa dela, nada poderia ser feito directamente, apenas o boicote "inocente".
Desaconselhar a prova aos concorrentes franceses com base na ameaça séria terrorista era algo perfeitamentre legítimo à França, e que tornaria a prova desprovida do seu miolo, nada do que era antes. Mas os portugueses, como sempre, de direita, pela segurança, muito cautelosos, que primam a segurança sobre o risco, que têm medo de morrer, vai logo de cancelar a prova, alegando que era a única coisa a fazer.
Meus amigos, o Dakar é e sempre foi para duros, quer no terreno quer na organização, é para quem ama um bom desafio. Querem maior desafio do que a própria vida em risco devido à maior ameaça terrorista mundial?
O Dakar foi pensado e ambicionado por "loucos temerários" que amam a vida para se sentirem vivos, com a adrenalina a correr nas veias, e onde um dos maiores prémios é sair com vida da aventura, se conseguir chegar nos primeiros lugares então, é um herói. Não é para "marialvas" que têm medo de morrer e que exigem ficar em acomodações tipo hoteleiras todas as noites, com um bando de criados a rodeá-las.
E como se ganhou Matéria disponível, mas se perdeu o Espírito intrínseco à prova, perdeu-se a liderança, a motivação, a vontade de correr risco, perdeu-se o gosto pela aventura... predeu-se o Dakar!
E para os maiores admiradores dos espanhóis oportunos, mais uma triste notícia... a João Lagos Sport está em risco de falência.